Fernandes disse ainda que a COP30 é uma oportunidade de construir pontes de cooperação internacional e multilateralista. “A ciência tem um papel particular nisso. Daqui vem uma agenda que colabora com a da COP30. A Finep sediar esse evento contribui com o pensamento crítico e o mundo. Trago a saudação do MCTI e o registro da importância de todas essas contribuições aqui feitas à COP30”.
Brasil como protagonista
Um consenso entre os participantes do workshop é que o País assume um protagonismo especial na COP30 e que o destaque do Brasil traz a oportunidade de restabelecer o lugar da sua ciência após um período de negacionismo. De acordo com os especialistas, a expansão científica deve integrar a base já existente, trazendo identidade à produção científica brasileira.
A secretária de Políticas e Programas Estratégicos (Seppe), do MCTI, Andrea Latgé, falou no primeiro painel do evento e destacou projetos liderados pela pasta que apoiam a urgência climática. Para ela, existe alta necessidade de um trabalho transversal.
- Andrea Latgé durante participação no evento. Foto: Lucas Landau/Finep.
“O governo tem que estar junto, os ministérios têm que estar colados. Um tem que falar a linguagem do outro. É ótimo ter divergências, elas melhoram nossos resultados, mas a gente tem que fazer política pública unida e discutindo todos os lados dos problemas”, disparou. Ela lembrou ainda que o MCTI lidera estudos que subsidiam a agenda climática brasileira, além de alertar sobre desastres geohidrológicos (Cemanden) e mapeamento de riscos climáticos (Adapta Brasil). “Programas de ponta e plataformas de mapeamento são nossa rotina e radar”, completou.
Valorização da ciência
Grande autoridade do clima, o cientista brasileiro e pesquisador sênior do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da Universidade de São Paulo (USP) Carlos Nobre, esteve presente no evento durante o primeiro painel. Em sua fala, relembrou grandes conquistas alcançadas pelo setor científico, entre elas a Rede Clima, onde participou da criação, em 2007.
- Carlos Nobre durante participação no evento. Foto: Lucas Landau/Finep
A Rede Clima (Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais) é uma rede de pesquisadores e especialistas que dissemina conhecimento sobre as mudanças climáticas no Brasil. “Não há dúvida que foi superimportante para dar uma grande escala à qualidade da pesquisa sobre toda a emergência climática que vivemos”, disse.
Nobre é um dos vencedores do Prêmio Nobel da Paz de 2007. O climatologista foi reconhecido junto de uma equipe internacional de cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e Al Gore, por seus esforços em alertar o mundo sobre os perigos do aquecimento global e defender a preservação ambiental.
Segundo ele, a COP30 precisa ser tratada como a mais importantes já realizada. “A COP30 tem que ser a mais importante das 30 COPs, porque o Acordo de Paris e a COP 26 foram muito importantes, mas nós temos que fazer essa ainda maior”, disse.
- Mercedes Bustamante durante sua participação no evento. Foto: Lucas Landau/Finep
Já a professora do Departamento de Ecologia da Universidade de Brasília (UnB) Mercedes Bustamante, destacou a importância da discussão da desigualdade entre gerações. “Existe uma disparidade entre gerações passadas, responsáveis pelas emissões, e as futuras, que viverão seus impactos”, determinou. Ela atribuiu a recuperação deste cenário a uma ação múltipla em todos os setores. “Sem uma ação climática ambiciosa, o desenvolvimento sustentável não pode ser alcançado”, finalizou.