Casa da Ciência inicia segunda semana com debate sobre contribuições da Amazônia ao clima — Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação

Casa da Ciência inicia segunda semana com debate sobre contribuições da Amazônia ao clima — Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação


A segunda semana de programação da Casa da Ciência do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) começou nesta segunda-feira (17), em Belém (PA), com a palestra magna Contribuições da Amazônia ao Combate às Mudanças Climáticas. Na apresentação foi destacado o papel estratégico da produção científica amazônica na formulação de políticas climáticas de mitigação, adaptação e governança. O tema foi conduzido pela professora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e membro do Conselho Diretor da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, Marilene Corrêa.  

Ela apresentou três grandes contribuições estruturantes da região para a agenda da ação climática do Brasil, ressaltando o acúmulo de conhecimento gerado por instituições de pesquisa e a interlocução com movimentos sociais e grupos especializados. O primeiro ponto, destacou, foi fruto do diálogo do presidente da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP30) com as instituições científicas da Região Norte. “Cerca de 700 participantes, representando aproximadamente 70 instituições, contribuíram com um conjunto de prioridades definidas a partir da escuta da comunidade científica e de sua interação com a sociedade civil”, explicou. 

A pesquisadora também reforçou a centralidade da ciência na governança climática. “A ciência é fundamental no eixo estratégico para a formulação de políticas que integrem resiliência, inovação e justiça social”, afirmou. Sobre o segundo eixo, ela ressaltou a participação ampliada de atores sociais: “Ela não dialoga só com os cientistas, nem com a institucionalidade científica. Dialoga com movimentos sociais, populares e até sindicais, onde houve um acirramento em torno dos dois eixos que a COP discute: adaptação e mitigação”.  

Em relação ao terceiro conjunto de contribuições, a professora destacou o levantamento conduzido pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), a Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) com grupos de pesquisa da área de clima.  

Ação climática do Brasil 

Durante a palestra, a pesquisadora apresentou diretrizes defendidas pela comunidade científica amazônica para fortalecer a agenda de adaptação e mitigação no País. Ela destacou a necessidade de acelerar a transição para energias renováveis, com investimentos consistentes em pesquisa, inovação e tecnologias de armazenamento. Também ressaltou a importância de zerar o desmatamento de florestas tropicais por meio da integração entre conservação ambiental e desenvolvimento regional inclusivo, além de garantir adaptação e proteção social às populações vulneráveis, com políticas efetivas nas áreas de saúde, educação, saneamento e segurança hídrica. 

Por fim, a professora defendeu o fortalecimento da governança climática nacional, com a criação de uma estrutura permanente e autônoma capaz de coordenar a agenda climática do País de forma integrada. Ao discutir o papel dos povos da Amazônia profunda, Marilene ressaltou que esses grupos devem ser reconhecidos como guardiões ecológicos e também como agentes econômicos. “Os sujeitos da Amazônia profunda estão se colocando na agenda da mitigação e da adaptabilidade, compreendendo o ambiente e participando do diálogo. O desafio é que as estruturas de legitimação científica ainda não conseguem reconhecer plenamente o conhecimento tradicional, o que dificulta uma integração simétrica entre esses saberes”, afirmou. 

A Casa da Ciência do MCTI, no Museu Paraense Emílio Goeldi, é um espaço de divulgação científica, com foco em soluções climáticas e sustentabilidade, além de ser um ponto de encontro de pesquisadores, gestores públicos, estudantes e sociedade. Até o dia 21, ela será a sede simbólica do ministério e terá exposições, rodas de conversa, oficinas, lançamentos e atividades interativas voltadas ao público geral. Veja a programação completa. 





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